terça-feira, 19 de abril de 2016

Por que Bolsonaro não está morto?!



ATENÇÃO! TEXTO ESCATOLÓGICO E RASTEIRO COMO BOLSONARO.
 
Tortura1.jpg O golpismo é uma constante em nossa história. Aliás, a história do Brasil, já era sinônimo de golpe quando aprendíamos que o Brasil fora “descoberto”, e, depois, que um Tratado de Tordesilhas anterior, garantia à coroa portuguesa que a terra existente a partir de um ponto a oeste daquele meridiano lhe pertenceria. Dom João dá um golpe fugindo para o Brasil, Pedro I, ficando aqui, Pedro II dá uma volta para que sua filha abolisse a primeira fase do escravismo.
Dezenas de rebeliões são golpeadas para fora da história “heróica” do país, para inventar um mito fundador de que somos “pacívicos”. E, depois, com a república, vieram as sucessivas quarteladas golpistas, inclusive a própria proclamação.
Consigo entendê-las à luz da nossa própria história.
O que não entendo é como um semovente como Jair Bolsonaro não somente tem direito a cuspir na cara do país da estatura de um cargo federal.
Ateu convicto, quase acredito que somente a providência pode ter ensejado o único gesto digno daquele 18 de abril: a cusparada profética que Jean Wyllys dirigiu àquela corporificação de dejetos naturais que, por uma conjuração diabólica, toma a forma humana. É um achincalhe contra a existência de uma humanidade que pretende justificar seu direito de estar entre as demais espécies.
É preciso declarar em som e tom notáveis que quem banaliza, naturaliza, ou ainda, acha graça nos comentários daquela figura nefasta, padece de grave disfunção civilizatória. Talvez devesse procurar um necrologista para atestar se, efetivamente, já não se encontra em estágio de putrefação, ainda em vida.
Podia jurar que ouvi um coro de satanistas travestidos de cristãos embalando a estolidez daquele milico torpe que até Ernesto Geisel abominava.
Interrompo aqui as comparações teístas porque se o salário do pecado realmente fosse a morte aquele ser desprovido de vocação humanal já teria caído fulminado eras atrás.
Pareciam realmente gracejos, e supostamente eram ditos com intuito basicamente provocador.
Nada foi tão grave naquela encenação bizarra do que a menção elogiosa a Brilhante Ustra, alguém que merece ser lembrado como símbolo do ponto em que a estupidez se converte em podridão moral. Não são heróis. Heróis são os que dão a vida, libertam e salvam. No caso, trata-se de um desvio biológico que se instala quando psicopatas são alçados a posição de poder. Por falar em corrupção, não há desvio de conduta ética no Brasil de hoje que não tenha raiz, lastro, ou sustentação nos porões ditadura.
Acho que vale contextualizar melhor, já que isso é raro de ocorrer em diálogos cotidianos. O padrão para tortura de “subversivos” no continente americano foi patenteado pela Escola das Américas. Em vigor até hoje, haja visto Abu Graib. Lá aprendiam-se diversas coisas, de manusear armas a consertar rádios na selva, mas também que torturar mulheres é sórdido e especialmente prazeroso. Os relatos percorrem todos os países do continente em que idiotas de farda se meteram a tomar de assalto o poder. Os mais sensíveis devem pular os próximos nove parágrafos.



tortura-mortos21.jpgFalta às pessoas noção mais precisa do tipo de escória que eram os sádicos torturadores nesses países. Ouvimos falar em pau-de-arara, telefone, choques, mas existem os menos mencionados, como estupro, inclusive, com varas e paus. Asqueroso, não? Imaginemos, então, que as vítimas fossem nossos filhos e filhas, esposas e maridos, mães e país, parentes de qualquer grau, ou ainda algum vizinho ou ser humano absolutamente desconhecido, mas, ainda assim digno de solidariedade humana. O repúdio à tortura deve tocar e honrar todas as vítimas inclusive os criminosos que tiveram o direito à julgamento negado. Ao Estado não compete a vingança ou a barbárie.
Despir os torturandos era condição preparatória. Note-se que até  a prática de deixar as vítimas vestidas compunha o ritual de desumanização e desconstrução psíquica a cada nova sessão. Isso era reforçado com discursos e frases de efeito.
Uma sessão de tortura poderia começar por um trivial espancamento, ou seguir direto para as formas mais brutais. Até mesmo a anúncio de que alguém iria para a tortura cumpria função de manipulação comportamental. Alguns já começavam a urinar e defecar só de ouvir o caminhar dos torturadores entre as celas, ou o tilintar das chaves. E encontrava-se insano alívio quando a vítima da vez era outra.
Quem já ouviu falar em gang-bang? São sessões de estupro coletivo por todos os orifícios possíveis. Como variável, há o bukake, quando todos os homens, ao final, sucessivamente, vão ejaculando sobre o corpo da vítima. Pode-se também fazê-lo na boca e obrigar que a vítima  engula o esperma de todos. Num filme pornô pode parecer excitante para alguns. Jamais, numa sessão de estupro. Enquanto para a pornografia essa prática é basicamente o ápice, nas sessões  de tortura o estupro era basicamente a preliminar. Triviais como espancamento.
Os choques eram administrados com larga criatividade em partes externas e internas do corpo. Orelhas, lábios, língua, mucosa, pênis, saco escrotal, lábios da vagina, ânus. Inserir objetos no ânus, vagina e uretra também eram expedientes admissíveis, aliás. Uma das técnicas de choque no pênis consistia em inserir um dos polos no canal da uretra. Asqueroso, não?
Imaginem, então, colocarem a mulher em pose ginecológica e inserirem na vagina ampla gama de objetos, animais ou insetos, ratos, lagartixas.
Chocante o suficiente? Pois esse era o padrão Escola das Américas e que poderia ser ainda mais “criativo”, ao sabor das depravações dos torturadores. No continente há descrição de sessões de estupro a mulheres realizada com cães. Caso alguém, por lapso considere, em algum nível admissível, imagine a cena com você como vítima.
E os canalhas especialistas em tortura tinham o eufemístico nome para sua atribuição: Interrogador da Inteligência Militar. Podemos imaginar outras especializações mais adequadas: Adestrador de cães estupradores, Especialista em estupros dolorosos. faz todo o sentido do mundo o Estado manter um quadro de torturadores profissionais.
E já que tipos como Bolsonaro e sua laia divinizam essa prática deveriam ser submetidos a ela diariamente pelo resto de suas vidas.
É necessário desmitificar as motivações da tortura. Por algum tempo no início, é possível que os rituais de degradação e tortura tenham tido função precípua de forçar delações. Assim como em Abu Graib, com o passar do tempo, além de divertir os dementes aplicadores cumpria o papel de rituais de sadismo e degradação, independente de cumprir qualquer tipo de  função tática.
A prática sistemática servia basicamente para gerar terror nas vítimas, entre as demais e eventualmente no conjunto da sociedade. Que tal a tortura apenas para desmotivar outras ações? Tão válido por exterminar toda a humanidade sob o pretexto de que em algum momento alguém irá me ofender a honra, ou o corpo.
Ainda razoável?
Vez ou outra eram promovidas visitações de parentes das vítimas. Filhos, e outros eram trazidos para encontrarem as vítimas nuas recobertas apenas com o silencioso clangor da violência desmedida e insensata. O suicídio de Carlos Alexandre Filho dos jornalistas Darcy e Dermi Azevedo que, torturado com menos de dois anos, e as sequelas seguiram torturando-o para a vida toda.
É isso que Bolsonaro gosta de enaltecer como herói. Ocorre que isso não é ufanismo, é demência!




 
Qualquer pessoa minimamente sadia deve sentir-se ultrajada lendo ou ouvindo descrições degradada, tanto quanto eu escrevendo-as.
Admitir a tortura sob qualquer argumento nos brutaliza. Distorce nosso senso de humanidade. A tortura nos converte na única espécie que cria uma vocação específica para infligir dor e degradação em um igual.
Da próxima vez em que ouvirem Bolsonaro elogiando essa laia imaginem essas cenas ocorrendo com seus familiares. Quando diz que deveriam ter matado toda a esquerda, não diz a forma da morte. Nada de cirúrgica execução sumária. A prática envolvia esquartejar física, moral e mentalmente os presos. Despedaçá-los física e mentalmente antes de exterminar a vida em seus corpos.
Então, aos idiotas saudosos da tortura, antes de acharem que é engraçadinho defender esse tipo de demência, imaginem seus parentes, podem ser os melhores ou piores deles, nas mãos de sádicos como Brilhante Ustra e diversos outros. Quem sabe se poupam de imaginar que sejam heróis de coragem e civismo inatacável.
Torturadores são a pior escória da humanidade. Não existe crime que justifique o uso de tortura dessa extensão, quanto mais dessas variáveis que atacam deliberadamente a integridade física e humana das pessoas. Ou é admissível, porque alguém roubou um banco sofrer uma sessão de estupro coletivo?
É preciso haver limite para a barbárie política, do contrário adentramos num território em que psicóticos violentos, amplamente rejeitados pela sociedade, sejam enaltecidos quando utilizados como arma contra qualquer que seja o tipo de crime.
Aos que por ventura preferirem assumir uma abordagem pseudo-moralista desse texto, em nada, aquelas práticas se confundem com práticas sadomasoquistas que alguns segmentos praticam, já que o pressuposto elementar consiste na concordância entre as partes. Tortura não traz prazer algum ao torturado pois não existe uma tara humana que implique em ser ultrajado à força, sem direito a reação.

Bolsonaro não está morto, porque muitos iguais a ele também não estão. Alguns consideram que é da democracia admitir que coisas assim ocupem funções públicas porque expressam percepção ou convicção de setores da sociedade. Estão enganados. Formalmente, Jair Bolsonaro tem direito de defender o que bem entender, mas não como autoridade pública. Temos obrigação de repudiar que se possa espancar pessoas pelas ideias que defendem. É preciso conter suas ideias para que o efeito de prática torpe não se estenda ao conjunto da sociedade, como forma válida de atuar na área política. Tortura é crime em qualquer lugar do mundo. E quem a pratica ou defende é, igualmente criminoso. E não me refiro a crime no sentido jurídico.

Falo de um tipo de crime que precisa ser extirpado da sociedade como tecido gangrenado, sob pena de condenar à morte toda a sociedade. Se eu admito a tortura como prática cabível entre agentes públicos, e dentro da civilização, como podemos achar que qualquer ato de corrupção é condenável. Se nem a dignidade das pessoas é freio suficiente para a defesa das nossas verdades e interesses.
Preferia que pessoas como Jair Bolsonaro fossem consideradas loucas, e trancadas como últimos prisioneiros em manicômios, que também foram casas de tortura. No limite para não perder tempo maior do que eles mesmos merecem, só posso torcer para que a morte lhes chegue o mais breve possível. E que seja fulminante, já que sentir prazer em infringir dor e morte lenta é muito menos digna em quem a pratica do que em suas vítimas.
Dessa forma, se alguém sente-se realmente à vontade flertando com esses aspectos do discuso de Bolsonaro, sinta-se instado a retirar-se da classificação de gênero humana. Inclusive por determinação biológica, os bilhões de pessoas que ainda podem se incluir como tal, estão empenhando-se árdua e diuturnamente para agregar valores à sua cultura e vocação biológica, não aprimorar nossa bestialidade. Deve existir uma subordem disponível para acomodar os tarados em degradar patologicamente seus supostos iguais.
Eu abomino Jair Bolsonaro. Em respeito à minha mãe, meu pai, todos meus ascendentes, esposa, descendentes. A todas mulheres, homens poli gêneros, os que conheço, desconheço, haverei ou não de conhecer, ou ainda aqueles que acreditam que o amanhã tem que ser melhor e não pior do que o hoje e ontem, sobretudo todas as crianças de antes, de agora e de sempre que devem poder olhar a vida com esperança,  e todos os que merecem encontrar diante de si um mundo de possibilidades, liberdades, afetos e superações. O que me dá nojo mesmo são homúnculos que sentem tesão inconfesso pelos torturadores. Por isso eu repudio e abomino Jair Bolsonaro.

Démerson Dias. Trabalha há 29 anos no Judiciário Federal tendo sido por 20 anos dirigente sindical nessa categoria.

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