quinta-feira, 21 de abril de 2016

Delinquência Republicana

Um Executivo desgovernado, um Legislativo que é simultaneamente réu e juiz e um Judiciário arvorando-se partido tutor das instituições e o povo bestializado.
Sempre que pretendo fazer uma síntese do momento político do país deparo-me com a insuficiência de condições para resumir uma história em andamento com disposição irrefreável para produzir bizarrices. O Brasil tornou-se uma instalação  surrealista composta por artistas de talento precário e altamente duvidoso.

O povo, o Judiciário e os idiotas da objetividade
O país vive um surto de exaltação delirante aos idiotas da objetividade. A mídia, cada vez mais goebbeliana produz informações milimetricamente calculadas para induzir humores tais e quais em seus súditos (ledores e audoentes). Economistas selecionam os piores indicadores, encobrindo as implicações globais e a reestruturação produtiva, para forçar os arreios da economia contra os interesses da sociedade e a favor da expropriação vertiginosa das riquezas (e, isso, o governo endossa). E, nos últimos tempos, assistimos o engajamento de um novo grupo de finórios oriundos do Poder Judiciário.
Esses últimos, estão se arvorando a fazer a reforma política que os país não fez. Esse mandado de injunção “extra petita” evidencia que a república, e não apenas ela, está doente. A democracia está na UTI.
De tão gritante as estripulias brasiloides, até a mídia internacional conservadora começa a mencionar o descalabro da situação golpista no Brasil. Seria de dar dó, já não desse nojo.
A sociedade que vai às ruas pedindo providências e mitificando o judiciário (apartemos os viúvos de 64) embala uma deturpação republicana perigosa, que sabota o árduo avanço da democracia que palmilhamos nessas primeiras décadas, em que buscamos alcançar aquele padrão civilizatório elementar, o instituído na declaração dos direitos humanos. Convém frisar, padrão sem o qual não iremos, sequer, conseguir convencer nossa próprio classe, da necessidade de superação do capitalismo.
No Brasil, os delinquentes no poder fazem questão de exigir um país com os requintes dos países centrais, mas com a permitividade à bandalheira e achincalhe que patrocinam em nossas instituições, nas vidas públicas e coletividades privadas.
No ordenamento político, constitucional e jurídico vigente, o Judiciário é o Poder conservador por natureza. É o responsável dentre outras coisas, por prevenir que o Estado não aplique ou pratique atos que não tenham sido sacramentados em lei, sob o pressuposto ‘positivo’ de que a lei expressa a vontade e o pensamento geral da sociedade.
Por isso também, o Judiciário, em suas atribuições judicantes, não age “de ofício”, somente quando provocado, e o magistrado é o polo ‘independente’ entre os que acusam e os que se defendem. Ou era assim, até Joaquim Barbosa subjugar o ministério público enquanto acusador, no julgamento do “mensalão”. Surpreendentemente, seus pares não apenas não contestaram tal deturpação, como endossaram com tímidas e esparsas ressalvas as estripulias do colérico magistrado.
O julgamento do mensalão e o lava jato são, na verdade, o que, em lógica, chamamos de “argumentum ad hominem”. Um dos exemplos mais crassos e pérfidos de falácia. Essa frase pode soar petistóide ou lulista. Mas minha preocupação é muito menos prosaica e bem mais cautelosa. É quase absoluta minha certeza de que ninguém, incluídos, Joaquim Barbosa e Sérgio Moro, admitiria ou deixaria de se insurgir, caso prevaricação de tal magnitude repousasse contra si.  Deve ser por complexo e culpa que o lulismo não reage a altura (isso e a surpreendente tolerância de José Eduardo Cardozo ao achincalhe contra o poder constituído).
E sob risco de me considerarem estupidamente burguês, qualquer um que já tenha sofrido perseguição arbitrária será capaz de entender que condenação alguma justifica a punição a um inocente que seja.

O golpismo dentro e fora da ordem
A confusão para entender o que é golpe, o que é rito e o que é simplesmente barbárie não se deve apenas ao festival de bizarrices. A esparrela em que o PT se meteu , e consequentemente ao país,  diz respeito, sobretudo, à cristalização da democracia mitigada sob a vocação da inserção consumista das classes excluídas. O Lulismo, indigente de ousadia, preferiu manter o povo a pão, circo e linha branca, sem garantir ampliação do protagonismo democrático. Poderia ter feito, acho que não é do feitio do lulismo ampliar espaço de poder que ele pode ou pretende tutelar (vide o semi-revolucionário programa de segurança alimentar, abortado inapelavelmente no nascedouro em troca de barganha com prefeitos).
Diante de um Prometeu que se recusa a compartilhar o fogo, ficou fácil para o campo conservador assumir espaços em que o PT deixou ociosos. Daí que parece milagre a direita, os conservadores, os falsos liberais e até mesmo os viúvos de 64 seguirem as pegadas deixadas pelo petismo retificado e darem vazão a um povo disposto a transformar as cartilhas de educação moral e cívica em agenda de mobilização.
Não faltam nem os bons costumes e o ufanismo com aquela seleção canarinho que já morreu à estilingadas décadas atrás (e hoje é símbolo mor da corrupção no Brasil e no mundo. Pra que ironia maior?).
O conflito mais pitoresco está entre a intentona judiciária e as sarandalhas da boquinha fisiocrática. Não foi a desmoralização de Dilma tentando blindar Lula do Moro que precipitou a agenda golpista. Foi a proximidade do Sergio MIB dos alienígenas do interesse publico, de Cunha e Temer. Assim como Antonio Ribeiro de Andrada, os prestidigitadores do Legislativo decidiram depor Dilma antes que Moro e cia depusessem a todos.
Esse é o ponto em que a intentona Moro mais se aproxima da fase desmoralizante das mãos limpas italianas. Tirar corruptos amadores e burocráticos do poder para entregá-lo ao que há de mais exímio em competência corrupta. Lá, Berlusconi, aqui o PMDB.
Esses movimentos vem encobrindo pistas importantes para uma análise sóbria do momento político. A esquerda, especialista em fragmentação, tem dificuldade enorme em reconhecer que o campo capitalista possui suas próprias contradições e até aporias.
Vendo o pau dar em Chico, Francisco, Frank e Francis, parcela da esquerda é incapaz de, dialeticamente, entender a que distância está cada um deles dos interesses democráticos e/ou progressistas. Sintomaticamente tascam um cômodo “fora todos” como se houvesse estrutura política no país para fazer esse lema configurar-se em avanço democrático.
O Fora Todos acaba por reforçar um darwinismo político. Erro que o lulismo também comete. A certeza mais plausível é que o que sobreviver ao fora todos será o mais anti povo possível.
A capacidade estratégica da esquerda vem se degradando assustadoramente.

Críticas de esquerda à Lava Jato
Essas reflexões tardias, são parte de um conjunto de reflexões que, a contragosto, venho acumulando e que, já não sei em que medida, faria sentido divulgar. A realidade nos assombra mais veloz que nossos  pesadelos.
Passa da hora das esquerdas despertarem para o alcance da intentona judiciária pitorescamente chamada Lava Jato. O que me pareceu cada vez mais escandaloso foi ver paulatinamente um flagrante e formidável esforço de eliminação da concorrência nacionalista em favor do capitalismo internacional. Áulicos da devastação nacional, conseguiram montar uma banca judiciária à disposição, não apenas do desmonte de nossa maior marca empresarial no mundo, a Petrobras, bem como de todas as empresas subsidiárias privadas. Várias delas instaladas mundo afora e vendendo produto de maior valor agregado.
Nem a paralisação assombrosa do poderio produtivo nacional fez os capitalistas notarem qual é o alvo estratégico de Sergio Moro. Aliás, ou as federações das industrias se tornaram sucursais de multinacionais ou se abateu sobre elas, cegueira mais absoluta e sumária do que a que desceu sobre o romance de Saramago.
É certo que os problemas dos capitalistas são primordialmente deles, mas o internacionalismo do capital em absolutamente nada se confunde com o internacionalismo das esquerdas.
Daí que a miscigenação entre capitalistas entreguistas, nacionalistas, ufanistas e prosaicos conseguiu ludibriar as esquerdas a ponto de não saberem sequer aferir quem é nêmesis, Leviatã ou apocalipse. O Lulismo é fundamentalmente um impressionante álibi, principalmente pelas vinculações do tucanato com interesses dos oligopólios internacionais, na comunicação, petróleo, etc.
Apesar de tentar manter seus passos e origens encobertos, é flagrante que Sergio Moro tenha inventado a Lava jato durante curso nos EUA e esteja com frequência prestando contas em atividades naquele país, “pari passu” com o andamento do processo.
O aparente álibi no conjunto das mobilizações tampouco é singelo. O PT é parte desse contexto e colaborou para que setores reacionários despontassem no horizonte da forma como ocorreu. Afinal, uma esquerda que desmoraliza a esquerda e flerta com a direita, naturalmente, iria tocar os brios do campo reacionário.
Esse segmento assistiu desde FHC o avanço da esquerda histórica (então, contra a ditadura) ganhar terreno em políticas que eram primordialmente suas. E os conservadores foram subalternos e incapazes de alcançar algum protagonismo. A derrota dos conservadores no próprio território para setores que antes consideravam-se de esquerda, revolveu a indignação dos que sempre acharam a democracia um fardo, ou fardão injustificável.
Ainda assim esse segmento jamais possuiria densidade política para suscitar qualquer clamor popular. A democracia mitigada, um movimento constituinte frustrado e garroteado, e a permissividade ao fisiologismo, ao clientelismo e também ao fiscalismo neoliberal, estão na raiz da deslegitimação democrática que agora move, e comove, militantes e paisanos da direita.
O texto longo não é pretensão, mas fruto de um represamento involuntário na análise política. Busco e espero alcançar um cotejamento de posições de um longo e, ainda vigente, período de ausência política por razões alheias à minha vontade.
As esquerdas ainda vivem sob um feitiço de contenção do lulismo. Há algum tempo já sabíamos que mal seria um governo de (tentativa de) conciliação. Parece que nem os mais céticos dentre nós foi tão pessimista quanto a realidade que se apresentou.
O que esses pouco mais de 10 anos nos provaram é que nossos esforços em nos distinguirmos do lulismo pouco efeito surtiram no conjunto da sociedade. Seguimos falando para poucos, movendo poucos e expressando nossas preocupações apenas para nós mesmos.
Já o petismo, ou lulismo, alcança novo patamar de movimento de massas cuja descrição não cabe aqui. Esse embate não irá superar a polarização de uma dicotomia política, forjada em sucessivos esforços de obscurantismo. Podemos rejeitar o lulismo como coincidente histórico da esquerda contemporânea, mas não é essa a compreensão que os ‘não iniciados’ possuem de nós, ainda que identifiquem nuances o que  também é raro.
Portanto independe de nossas considerações sobre a Lava jato a mudança de juízo de parcela da sociedade a nosso respeito.  Supondo que parcela da esquerda está mesmo preocupada com o “ibope”.
Se o país fosse uma democracia haveria melhores motivos para essa hesitação, ainda assim, é preciso estar atento às alterações políticas para verificar em que a democracia avança ou regride. Ou quando ataques miram apenas a governabilidade conservadora do PT, ou também objetivos mais relevantes com os quais estamos comprometidos.
Espero que tenha sido suficientemente claro que em momento algum confundo as críticas à Lava jato com a defesa do lulismo ou sua deturpação definitiva, o governo Dilma (que não será dilmismo pela evidente falta de tarimba e carisma do infeliz poste petista). Ainda espero crer que o futuro reserva a Dilma o resgate “em paz” de seu valor histórico na luta contra a truculência. Vendo sua atuação como governante sinto uma saudade imensa da combatente que nunca conheci, mas que, até numa expressiva fotografia diante de seus acusadores, era mais revolucionária do que foi em toda sua vida pública no governo federal.

Sentidos para o impasse
A parcela do país que se pauta por um mínimo de consciência histórica não deve titubear diante dos riscos de regressão política, inclusive em vidas humanas, quando alguém gira para trás a manivela da história.
Quando o obscurantismo se aprofunda, não há espaço para caprichos intelectuais ou vaidades vanguardistas. Quando o ódio é encarado como solução para divergências é preciso buscar restaurar a sanidade social. A sociedade está doente e esse ódio é contagioso.
Parece que, tamanha é a ojeriza pela forma de organização do Estado burguês que não vemos sentido em entender seu funcionamento. Isso provavelmente, não só deriva de uma leitura dialética vulgar, como de uma incapacidade de identificar atores e papeis.
Tenho o defeito de enxergar em parte da esquerda uma devoção utopista na ruptura revolucionária. Como se eventual revolução tanto fosse ressignificar a humanidade, quanto refundar nosso modo de existência. Para alguns, parece que nada do que existe no modelo burguês faz sentido, ou é válido. Não por acaso quando a superação dialética pressupõe realização do que está por ser superado. É por não acreditar nessa utopia que Marx estabelece uma transição entre socialismo e comunismo.
Queiramos ou não, será preciso aperfeiçoar o Estado burgues, assim como talvez, reconsiderar a ideia de “ditadura do proletariado” como denúncia à fragilidade teórica da democracia burguesa, muito mais do que um desejo de vingança do proletariado.
Podemos romancear esse raciocínio e redarguir que alcançar a universalidade dos direitos humanos é parte dessa trajetória. Digo “romancear” porque, da minha perspectiva, veremos mais sangue e tragédia do que sucessão explícita de conquistas.
Defendo que é nosso mister sustentar a superioridade do modelo burguês sobre, por exemplo o arbítrio e vocações milenaristas na condução da mediação de conflitos, ou na prevenção e tratamento aos distúrbios sociais. Enquanto críticos reacionários embalam “as letras mortas da lei”, devemos ressuscitá-las em seu sentido histórico, posto que foram fruto de reflexão revolucionária que combatia o obscurantismo. E é esse obscurantismo que temos diante de nós, buscando fazer andar pra trás uma trajetória de construções políticas progressivas.
Ainda que eu não tenha apetite para vaticínios, suponho ser fundamental considerar para onde essa crise não pode ir. Dito de outra forma, é preciso colocar em movimento iniciativas capazes de estabelecer margens seguras diante das virtuais tempestades que se anunciam.
Como não me parece lúcido supor que um partido, um segmento político, ou mesmo um segmento da classe isoladamente teria condições de construir pontes e diques em meio à procela, resta-me tentar fazer alguns considerandos específicos em relação à soluções por dentro do Estado.
Falamos em crise republicana, crise de poderes, ou de governabilidade. Ou seja, em questão está, necessariamente o Estado. De forma geral deixamos de nos apropriar de uma conceituação. De foram suficientemente eloquente e decepcionante, percebemos que a sabotagem à “Carta Cidadã” que começou mesmo antes de sua promulgação avançou de forma ainda mais violenta conforme eram criados expedientes transgressores de um lado e protelatório de outro.
É certo que o capitalismo possui mais condições de fazer valer suas intenções. Ainda assim, isso não exime o outro polo, a cidadania, de não ter constituído seu polo de resistência. Deixo o balanço ao sabor da conveniência de cada um, e agrego uma percepção de subordinação histórica dos campos populares: nos acomodamos.
Constituição é, ao mesmo tempo, carta de intenções e modelo inspirador. O que fizemos com esse documento? Esperamos que realizasse evoluções sobre si mesmo.
O próprio embate contra corrupção é tardio, na medida em que o pior e mais escancarado caso da atualidade foram as privatizações das empresas públicas. Aquela disputa, somada à privatizações de funções de coordenação e fiscalização através das agências reguladoras, se constituíram em verdadeiro fomento da corrupção.
Perguntando onde fica o passo adiante das inúmeras iniciativas populares com que  o presente vem nos brindando, percebo que o passo necessário está além do papel de cobrança política dos poderes constituídos. É preciso forçar a própria realização do estado burguês ideal.
Não basta apoiar a demanda de professores em greve, é preciso convertê-la em causa pública. Considerando que o desmonte no ensino pressupõe a sabotagem epistemológica da sociedade, a mobilização popular deve pautar ataque efetivo contra o obscurantismo. Ocupações nas escolas devem converter-se em aulas públicas permanentes. Cujo temário deve ser estabelecido não por linhas teóricas da ordem, ou ainda doutrinais.
Jovens e adolescentes nas periferias precisam de educação sexual preventiva, não apenas teórica. A matemática da vida deve se sobrepor à do mercado. E devemos projetar essa ambição à própria ideia de comunicação.
Ocupar hospitais igualmente debatendo prevenção, política sanitária, profilaxias à margem da ganância dos laboratórios. É preciso desmoralizar os indicadores do câmbio ou das bolsas de valores. A estatística quem importa é a da vida. Quantas vidas foram salvas, quantos partos bem sucedidos e óbitos. Quais males mais afligem as populações das diversas localidades.
Nas maternidades devemos saudar coletivamente o trabalho dos profissionais e recepcionar de forma efusiva novas vidas e famílias. Grevistas, estudantes, acadêmicos, sindicalistas, militantes de todas as áreas e cenários devem estar organizados e articulados em iniciativas plurais e incisivas.
A luta precisa deixar de ser um cenário no qual somos apenas paisagem. É preciso ler a paisagem atribuir-lhe valor e transformá-la conforme a necessidade de emancipação.
No mais, deixemos a política do necrotério produzindo seus cadáveres institucionais.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Por que Bolsonaro não está morto?!



ATENÇÃO! TEXTO ESCATOLÓGICO E RASTEIRO COMO BOLSONARO.
 
Tortura1.jpg O golpismo é uma constante em nossa história. Aliás, a história do Brasil, já era sinônimo de golpe quando aprendíamos que o Brasil fora “descoberto”, e, depois, que um Tratado de Tordesilhas anterior, garantia à coroa portuguesa que a terra existente a partir de um ponto a oeste daquele meridiano lhe pertenceria. Dom João dá um golpe fugindo para o Brasil, Pedro I, ficando aqui, Pedro II dá uma volta para que sua filha abolisse a primeira fase do escravismo.
Dezenas de rebeliões são golpeadas para fora da história “heróica” do país, para inventar um mito fundador de que somos “pacívicos”. E, depois, com a república, vieram as sucessivas quarteladas golpistas, inclusive a própria proclamação.
Consigo entendê-las à luz da nossa própria história.
O que não entendo é como um semovente como Jair Bolsonaro não somente tem direito a cuspir na cara do país da estatura de um cargo federal.
Ateu convicto, quase acredito que somente a providência pode ter ensejado o único gesto digno daquele 18 de abril: a cusparada profética que Jean Wyllys dirigiu àquela corporificação de dejetos naturais que, por uma conjuração diabólica, toma a forma humana. É um achincalhe contra a existência de uma humanidade que pretende justificar seu direito de estar entre as demais espécies.
É preciso declarar em som e tom notáveis que quem banaliza, naturaliza, ou ainda, acha graça nos comentários daquela figura nefasta, padece de grave disfunção civilizatória. Talvez devesse procurar um necrologista para atestar se, efetivamente, já não se encontra em estágio de putrefação, ainda em vida.
Podia jurar que ouvi um coro de satanistas travestidos de cristãos embalando a estolidez daquele milico torpe que até Ernesto Geisel abominava.
Interrompo aqui as comparações teístas porque se o salário do pecado realmente fosse a morte aquele ser desprovido de vocação humanal já teria caído fulminado eras atrás.
Pareciam realmente gracejos, e supostamente eram ditos com intuito basicamente provocador.
Nada foi tão grave naquela encenação bizarra do que a menção elogiosa a Brilhante Ustra, alguém que merece ser lembrado como símbolo do ponto em que a estupidez se converte em podridão moral. Não são heróis. Heróis são os que dão a vida, libertam e salvam. No caso, trata-se de um desvio biológico que se instala quando psicopatas são alçados a posição de poder. Por falar em corrupção, não há desvio de conduta ética no Brasil de hoje que não tenha raiz, lastro, ou sustentação nos porões ditadura.
Acho que vale contextualizar melhor, já que isso é raro de ocorrer em diálogos cotidianos. O padrão para tortura de “subversivos” no continente americano foi patenteado pela Escola das Américas. Em vigor até hoje, haja visto Abu Graib. Lá aprendiam-se diversas coisas, de manusear armas a consertar rádios na selva, mas também que torturar mulheres é sórdido e especialmente prazeroso. Os relatos percorrem todos os países do continente em que idiotas de farda se meteram a tomar de assalto o poder. Os mais sensíveis devem pular os próximos nove parágrafos.



tortura-mortos21.jpgFalta às pessoas noção mais precisa do tipo de escória que eram os sádicos torturadores nesses países. Ouvimos falar em pau-de-arara, telefone, choques, mas existem os menos mencionados, como estupro, inclusive, com varas e paus. Asqueroso, não? Imaginemos, então, que as vítimas fossem nossos filhos e filhas, esposas e maridos, mães e país, parentes de qualquer grau, ou ainda algum vizinho ou ser humano absolutamente desconhecido, mas, ainda assim digno de solidariedade humana. O repúdio à tortura deve tocar e honrar todas as vítimas inclusive os criminosos que tiveram o direito à julgamento negado. Ao Estado não compete a vingança ou a barbárie.
Despir os torturandos era condição preparatória. Note-se que até  a prática de deixar as vítimas vestidas compunha o ritual de desumanização e desconstrução psíquica a cada nova sessão. Isso era reforçado com discursos e frases de efeito.
Uma sessão de tortura poderia começar por um trivial espancamento, ou seguir direto para as formas mais brutais. Até mesmo a anúncio de que alguém iria para a tortura cumpria função de manipulação comportamental. Alguns já começavam a urinar e defecar só de ouvir o caminhar dos torturadores entre as celas, ou o tilintar das chaves. E encontrava-se insano alívio quando a vítima da vez era outra.
Quem já ouviu falar em gang-bang? São sessões de estupro coletivo por todos os orifícios possíveis. Como variável, há o bukake, quando todos os homens, ao final, sucessivamente, vão ejaculando sobre o corpo da vítima. Pode-se também fazê-lo na boca e obrigar que a vítima  engula o esperma de todos. Num filme pornô pode parecer excitante para alguns. Jamais, numa sessão de estupro. Enquanto para a pornografia essa prática é basicamente o ápice, nas sessões  de tortura o estupro era basicamente a preliminar. Triviais como espancamento.
Os choques eram administrados com larga criatividade em partes externas e internas do corpo. Orelhas, lábios, língua, mucosa, pênis, saco escrotal, lábios da vagina, ânus. Inserir objetos no ânus, vagina e uretra também eram expedientes admissíveis, aliás. Uma das técnicas de choque no pênis consistia em inserir um dos polos no canal da uretra. Asqueroso, não?
Imaginem, então, colocarem a mulher em pose ginecológica e inserirem na vagina ampla gama de objetos, animais ou insetos, ratos, lagartixas.
Chocante o suficiente? Pois esse era o padrão Escola das Américas e que poderia ser ainda mais “criativo”, ao sabor das depravações dos torturadores. No continente há descrição de sessões de estupro a mulheres realizada com cães. Caso alguém, por lapso considere, em algum nível admissível, imagine a cena com você como vítima.
E os canalhas especialistas em tortura tinham o eufemístico nome para sua atribuição: Interrogador da Inteligência Militar. Podemos imaginar outras especializações mais adequadas: Adestrador de cães estupradores, Especialista em estupros dolorosos. faz todo o sentido do mundo o Estado manter um quadro de torturadores profissionais.
E já que tipos como Bolsonaro e sua laia divinizam essa prática deveriam ser submetidos a ela diariamente pelo resto de suas vidas.
É necessário desmitificar as motivações da tortura. Por algum tempo no início, é possível que os rituais de degradação e tortura tenham tido função precípua de forçar delações. Assim como em Abu Graib, com o passar do tempo, além de divertir os dementes aplicadores cumpria o papel de rituais de sadismo e degradação, independente de cumprir qualquer tipo de  função tática.
A prática sistemática servia basicamente para gerar terror nas vítimas, entre as demais e eventualmente no conjunto da sociedade. Que tal a tortura apenas para desmotivar outras ações? Tão válido por exterminar toda a humanidade sob o pretexto de que em algum momento alguém irá me ofender a honra, ou o corpo.
Ainda razoável?
Vez ou outra eram promovidas visitações de parentes das vítimas. Filhos, e outros eram trazidos para encontrarem as vítimas nuas recobertas apenas com o silencioso clangor da violência desmedida e insensata. O suicídio de Carlos Alexandre Filho dos jornalistas Darcy e Dermi Azevedo que, torturado com menos de dois anos, e as sequelas seguiram torturando-o para a vida toda.
É isso que Bolsonaro gosta de enaltecer como herói. Ocorre que isso não é ufanismo, é demência!




 
Qualquer pessoa minimamente sadia deve sentir-se ultrajada lendo ou ouvindo descrições degradada, tanto quanto eu escrevendo-as.
Admitir a tortura sob qualquer argumento nos brutaliza. Distorce nosso senso de humanidade. A tortura nos converte na única espécie que cria uma vocação específica para infligir dor e degradação em um igual.
Da próxima vez em que ouvirem Bolsonaro elogiando essa laia imaginem essas cenas ocorrendo com seus familiares. Quando diz que deveriam ter matado toda a esquerda, não diz a forma da morte. Nada de cirúrgica execução sumária. A prática envolvia esquartejar física, moral e mentalmente os presos. Despedaçá-los física e mentalmente antes de exterminar a vida em seus corpos.
Então, aos idiotas saudosos da tortura, antes de acharem que é engraçadinho defender esse tipo de demência, imaginem seus parentes, podem ser os melhores ou piores deles, nas mãos de sádicos como Brilhante Ustra e diversos outros. Quem sabe se poupam de imaginar que sejam heróis de coragem e civismo inatacável.
Torturadores são a pior escória da humanidade. Não existe crime que justifique o uso de tortura dessa extensão, quanto mais dessas variáveis que atacam deliberadamente a integridade física e humana das pessoas. Ou é admissível, porque alguém roubou um banco sofrer uma sessão de estupro coletivo?
É preciso haver limite para a barbárie política, do contrário adentramos num território em que psicóticos violentos, amplamente rejeitados pela sociedade, sejam enaltecidos quando utilizados como arma contra qualquer que seja o tipo de crime.
Aos que por ventura preferirem assumir uma abordagem pseudo-moralista desse texto, em nada, aquelas práticas se confundem com práticas sadomasoquistas que alguns segmentos praticam, já que o pressuposto elementar consiste na concordância entre as partes. Tortura não traz prazer algum ao torturado pois não existe uma tara humana que implique em ser ultrajado à força, sem direito a reação.

Bolsonaro não está morto, porque muitos iguais a ele também não estão. Alguns consideram que é da democracia admitir que coisas assim ocupem funções públicas porque expressam percepção ou convicção de setores da sociedade. Estão enganados. Formalmente, Jair Bolsonaro tem direito de defender o que bem entender, mas não como autoridade pública. Temos obrigação de repudiar que se possa espancar pessoas pelas ideias que defendem. É preciso conter suas ideias para que o efeito de prática torpe não se estenda ao conjunto da sociedade, como forma válida de atuar na área política. Tortura é crime em qualquer lugar do mundo. E quem a pratica ou defende é, igualmente criminoso. E não me refiro a crime no sentido jurídico.

Falo de um tipo de crime que precisa ser extirpado da sociedade como tecido gangrenado, sob pena de condenar à morte toda a sociedade. Se eu admito a tortura como prática cabível entre agentes públicos, e dentro da civilização, como podemos achar que qualquer ato de corrupção é condenável. Se nem a dignidade das pessoas é freio suficiente para a defesa das nossas verdades e interesses.
Preferia que pessoas como Jair Bolsonaro fossem consideradas loucas, e trancadas como últimos prisioneiros em manicômios, que também foram casas de tortura. No limite para não perder tempo maior do que eles mesmos merecem, só posso torcer para que a morte lhes chegue o mais breve possível. E que seja fulminante, já que sentir prazer em infringir dor e morte lenta é muito menos digna em quem a pratica do que em suas vítimas.
Dessa forma, se alguém sente-se realmente à vontade flertando com esses aspectos do discuso de Bolsonaro, sinta-se instado a retirar-se da classificação de gênero humana. Inclusive por determinação biológica, os bilhões de pessoas que ainda podem se incluir como tal, estão empenhando-se árdua e diuturnamente para agregar valores à sua cultura e vocação biológica, não aprimorar nossa bestialidade. Deve existir uma subordem disponível para acomodar os tarados em degradar patologicamente seus supostos iguais.
Eu abomino Jair Bolsonaro. Em respeito à minha mãe, meu pai, todos meus ascendentes, esposa, descendentes. A todas mulheres, homens poli gêneros, os que conheço, desconheço, haverei ou não de conhecer, ou ainda aqueles que acreditam que o amanhã tem que ser melhor e não pior do que o hoje e ontem, sobretudo todas as crianças de antes, de agora e de sempre que devem poder olhar a vida com esperança,  e todos os que merecem encontrar diante de si um mundo de possibilidades, liberdades, afetos e superações. O que me dá nojo mesmo são homúnculos que sentem tesão inconfesso pelos torturadores. Por isso eu repudio e abomino Jair Bolsonaro.

Démerson Dias. Trabalha há 29 anos no Judiciário Federal tendo sido por 20 anos dirigente sindical nessa categoria.

domingo, 17 de abril de 2016

Era uma vez uma falácia. . .

Inferno (séc. XVI), óleo sobre madeira, mestre português desconhecido.
O país amanhece atônito pelo terceiro turno das eleições. Alguns brasileiros, não satisfeitos com dois, tentam um terceiro, como se, persistir em erro levasse à virtude.
Mas se as eleições no país já são uma farsa, a repetição da farsa não será outra coisa que não tragédia, independente do resultado.
E a preliminar já é impressionante, golpe ou impeachment?
Vou mencionar ao psicanalista que adiei esse texto com a desculpa de que a depressão me inibiu, mas aqui entre nós, e que ninguém me leia, a razão primordial é mesmo o constrangimento. Vergonha alheia.
Claro, impeachment não é golpe. Já golpe é golpe, mesmo!
Parece brincadeira tautológica esse debate, mas politicamente é evidente que é sério. Impeachment, felizmente faz parte do nosso ordenamento constitucional. O direito de depor quem se elegeu é fundamental para qualquer democracia.
O debate em curso explica, dentre outras coisas porque temos uma Constituição estupidamente prolixa.  É porque nossa mentalidade em relação à coisa pública é estupidamente curta. Mente política curta, legislação prolixa.
Com muita ou pouca razão, a Constituição define que nossas eleições majoritárias, exceto para o senado, é realizada em dois turno. A justificativa é que dessa forma a chefia do executivo é exercida com maior legitimidade. Repetindo. A eleição em dois turnos serve para revestir de MAIOR LEGITIMIDADE  o processo eleitoral para cargos executivos.
Nossa mente curta, desde sempre, seja à direita ou à esquerda, tem encarado a questão como se a eleição em dois turnos desse maior legitimidade AO SEGUNDO COLOCADO. Colocando em letrinhas e carreirinhas (opa, chamem os senadores) é ainda mais aberrante, do que pensando ou ouvindo, mas a realidade é aberrante por inteiro. O processo eleitoral é o ÚNICO CASO no Brasil em que as pessoas acreditem que o VICE é o VITORIOSO. O Brasil tem por hábito repudiar qualquer vice-liderança. Menos no segundo turno das eleições.
Vejam bem amigos e pessoas queridas, é com dor no coração que preciso reconhecer: no segundo turno, o segundo colocado É O DERROTADO! Em 100 milhões de eleitores, cinquenta milhões e um representam maioria objetiva, ressalvadas contestações à urna eletrônica. A presunção de ilegitimidade implica mais em frustração do que em argumento político válido.
Há um componente psíquico na discussão, que a democracia não tem ferramentas para resolver, para isso escrevemos leis com precisão exaustiva. Nem sempre eficazes, é bem verdade.
Caso semelhante ocorre com uma parcela das pessoas entenderem que, a qualquer custo, a manifestação de indignação tenha peso positivo no processo eleitoral. Isso em política não guarda relação com democracia, beira a tirania. Embora eu seja crítico do ordenamento positivo, a dialética não me permite esquivar da necessidade de que as posições válidas sejam contextualizadas e propositivas. A indignação não pode ser valor absoluto, nem tampouco valer mais do que propostas delineadas.
Isso porque “não propostas” são também “não efetivas” em termos de democracia. O próprio lema “fora todos” possui um valor não declarado decisivo. Significa “Fora todos os que estão”. Existe uma razoável jornada adiante de nós para que os outros que não estão no nosso “fora” sejam OUTROS majoritários. Eis o cerne do desafio na construção democrática.
Poderíamos ter no Brasil uma campanha pelo fora subsidiada por Jair Bolsonaro, Rui Pimenta e Simão Bacamarte. Apesar da minha radical predileção pelo último, tenho que convir que isso não consiste em maioria alguma. Pois não existiria plataforma única nessa campanha. O que implica em afirmar que os que estão dentro, por menos legítimos e competentes que sejam, possuem condições mais efetivas de exercício político. Inclusive e principalmente, mais legitimidade do que os derrotados e mais competência do que propostas sejam elas inefáveis ou desvairadas. Eis o busílis obscurantista do protogolpismo das ruas, da mídia, da caserna caquética e dos desvairados de turno. Oferecem ao país um caos de lógica e enganação, e pretendem que o entendamos como virtude.
É um lapso de memória descomunal alguém no país, ao supor que há algum elo efetivo entre o agora e o Fora Collor. Não tenho paciência para palmilhar as linhas tortas, bem como o lema histórico das esquerdas, especialmente FORA FHC etc, embora eu reconheça que pecamos pela falta de didatismo.
Caímos em uma cilada “cívica” em que demos a uma das composições mais estruturalmente corruptas do legislativo o poder de julgar se as eleições valeram ou não.  E ISSO PORQUE QUEREMOS COMBATER A CORRUPÇÃO. Quem os entusiastas do Derruba Dilma acham que vai ganhar, a democracia, ou o quem da mais?! Não nos iludamos, o que o país verá logo mais é o resultado explícito do fisiologismo clássico e proverbial. E há gente se ufanando DISSO!!!
Por favor, vamos parar o país para desembarque dos inconsequentes. Eles nos custam muito mais caro que a corrupção fisiológica (que é apenas o troca-troca para manutenção do "status quo")
Aliás, inconsequência está entre os equívocos mais obtusos no pensamento político. Assim, O TERROR levou a Bonaparte, a doutrina ao Stalinismo, a primeira guerra a Hitler, Mãos Limpas a Berlusconi, e o país da copa aos 7 X 1.
Acredito que Dilma Rousseff não mereça presidir o país. Sua forma de condução só não é tão desastrosa quanto a de Fernando Collor de Mello. Mas está respaldada por um partido com trajetória reconhecida e projeto razoavelmente delineado. Cretino, proselitista e falso como o capitalismo. Mas é um projeto.
Impeachment é sério demais para usarmos como bate-boca. É o que dá um país achar que futebol vale 24 horas de análise extenuantes, mas políticas valem menos do que 30 segundos de comentários. Se metade tempo que o país passa discutindo futebol fosse dedicado a política, não estaríamos vivendo essas barbaridades, seja a eleição das Dilmas do PT, PSDB ou PMDB, seja dando palanque para o que apregoam os alcoviteiros profissionais.
Podemos ter um exemplo sumário de como as pessoas estão confundindo neurose com esclarecimento. Outro dia um “jornalista” quis a todo custo enquadrar um ministro do STF bradando duramente contra a democracia do país. Não satisfeito com o que ouvia desqualificou a si, ao entrevistado e entrevistadores exigindo a conversão sumária do ministro às “teses” (sic) que defendia: Menino, democracia é outra coisa. Volte pra casca, pintinho, que o seu zigoto ainda é mal formado.
Um aspecto deplorável do momento político do país é que os eleitores que garantiram a vitória de Dilma, esses sim teriam ampla legitimidade para cobrar sua deposição. Se fossem os eleitores de Dilma nas ruas que pedissem por sua deposição, eu provavelmente estaria entre eles. No desespero de campanha, quando Aécio (pelo menos assim fez crer a mídia) se aproximava perigosamente do empate técnico nas pesquisas, Dilma prometeu que não atacaria direitos (mais do que as toneladas deles já miseravelmente vilipendiadas desde o início do lulismo). Os únicos gestos administrativos de impacto geral de seu governo, foram cortes em direitos sociais. Isso sim, se aproxima de um sentido em que cabe a acepção “estelionato eleitoral”. Fora isso, não fazem  sentido os eufemismos. A intenção dos derrotados é elementarmente golpista.
Eis outra pérola dessa histeria pandêmica que devora o país, estão nas ruas os vencedores de fato das eleições querendo derrubar a presidenta que cumpre à risca o projeto do seu adversário, inclusive na corrupção. E os eleitores do adversário a criticam porque deixou de ser o que seria se fosse fiel às suas próprias convicções. Isso é que é ser punida pelas virtudes!
O relativismo intelectual inaugurado pela mídia, do futebol à política é o patrono do vão democratismo que viceja pelo país. Achamos que discordar é desqualificar o outro. Verdade política é absoluta e eterna, desde que de acordo com o que pensamos. E que quem discorda de mim perde imediata e sumariamente direito à existência. Democracia não é o que diziam na aula de educação moral e cívica!

Démerson Dias. Trabalha há 29 anos no Judiciário Federal tendo sido por 20 anos dirigente sindical nessa categoria.