quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Foto de mulher diante do mar

Tenho o olhar aturdido
Uma foto, uma cena, uma história
Uma mulher sentada
Diante do mar
De costas pra mim
Não encontro sinal de olhar
Expressão de destino
Delírio sensual ou contemplativo

A areia não é o que detém o mar
Tampouco os tentáculos negros
Que repousam sobre as costas
Mas a presença de uma força incontível
Que, brincando com as ondas
Delineia os limites do mundo

Não é questão que o mar não enfrente
É uma dança em que duas potências
Decidem legar ao mundo
Uma mostra de equilíbrio profuso
Insensato e cortês
Contido e selvagem

O mar, e tampouco a mulher
Não me percebem
Apenas defletem o que de mim
Resiste à sua atração