segunda-feira, 9 de março de 2015

Janot e Zavacski salvarão o país dele mesmo?!

 Festa dos loucos.
A de baixo é de Pieter Bruegel,
“o Velho”,(1525 — 1569).
A de cima é um arremedo nosso mesmo.
 A mídia que cobra apuração da corrupção é tão corrupta quanto os piores dentre os demais envolvidos. Vladimir Safatle acertou em cheio quando comparou a situação atual do país ao filme M, o Vampiro de Dusseldorf, de Fritz Lang. No entanto, convém incluir a mídia no enredo. O tucanato sozinho, é muito pouco capaz de incidir no cenário do país. São zumbis mantidos em animação pela mídia que carece de fanfarrões ao estilo de seus próceres venerados, aqueles “analistas” capazes de mentir de maneira mais senhorial, raivosa e deslavada e que também só sobrevivem porque essa mídia precisa de urubus venais. Vale lembrar que praticamente todo o campo reacionário do país apostou em Aécio.
Surgiu ultimamente um ex-roqueiro que transmigrou a alma para um subjornalista protofilósofo, mas sua acentuada vaidade não admite ser títere para uma platéia de tolos reacionários. Suas intenções destina-se a altos talões, como ficou comprovado na prática.
Resta para a mídia um único prócer ligado aos gorilas de farda, mas é um pateta arrisco que pode, com a mesma verve que ataca qualquer lampejo progressista, demolir os escombros sobre os quais a mídia se equilibra.
Essa introdução condiz com o universo em que habita a mídia.
No que sobrou de um país de existência em paralelo, e que tenta sobrevier a um governo cada vez mais surpreendente subalterno ao caos político, parecem despontar o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot e o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. Homens de estirpe distintas, mas aparentemente com um esteio comum. Avessos à espetacularização da corte jurídica.
Pessoalmente eu não os destacaria como personagens, mas a história recente do país me obriga a reafirmar como “nobre” a atitude daqueles que levam mais a sério suas tarefas do que a bajulação proverbial dos alcoviteiros de plantão.
Um inominável ex-ministro instalou na corte suprema um grau tão espantoso de ficção sensacionalista que alguns anos serão necessários para que o STF restaure em si alguma dignidade republicana. Por enquanto o profissional judicante em maior destaque no país sobrevive dos despojos verborrágicos deixados pelo ex-presidente do STF.
Entendo o apelo passional da sociedade sobre as demandas judiciais. Fazem parte do contexto democrático republicano. Porém o que vivemos no país é uma metástase sensacionalista que pode condenar nossa incipiente democracia a uma escalada tirânica que não servirá, nem mesmo, aos seus incautos patrocinadores.
A instabilidade institucional não elege a priori os oportunistas que a tomarão de assalto. Caso esse rumo não seja revertido, serão surpreendidos tanto os raivosos, quanto os desavisados.
Parece que caberá a Janot e Zasvascki restaurar um necessário anticlimax institucional, não como desdém aos justos apelos da sociedade, mas porque o destempero a que a mídia compele o país, além de levantar poeira sobre suas próprias falcatruas, lança toda a sociedade a um desterro democrático perigoso. E não me refiro a mais uma das quarteladas recorrentes na história do país.
Assistimos, um tanto quanto abestalhados, o desenvolvimento de um fundamentalismo de vertente torpe e anti-humana. Recém, lançaram de maneira espetacular seus “gladiadores”. Imagine-se inaugurarem no país uma sucursal do Estado Islâmicos que possui direção de fotografia e arte para suas carnificinas? Em vez de pão e circo, apenas sangue e lágrimas. Isso somado às inúmeras causas reacionárias são receita latente para um obscurantismo inusitado em nossa história.
São várias as armadilhas pseudodemocráticas que o país precisará desarmar para retornar ao rumo da democracia e, pelo menos, de um Estado Democrático de Direito. Aos camaradas socialistas, alerto que esse rumo não acrescenta um milímetro às nossas causas. Deixar de observar essa possibilidade pode levar o país a um estágio anterior até, à última investida autoritária, de um tipo talvez inédito em nossa história. E que nem a pior das conspirações foi capaz de pleitear. O Brasil pode estar à voltas de um período em que a terra é plana, o universo antropocêntrico, e titãs e ameças habitam céus e mares.


Em tempo: Diante de interpelações que recebo enquanto escrevo esse texto me ocorre que aparentemente uma parcela considerável das “pessoas politicamente esclarecidas” do país ainda não se deram conta do que é, como se dá e quem participa dos financiamentos das campanhas eleitorais desde que voltaram a ocorrer no país. É realmente surpreendente o “surto de lucidez” que estamos presenciando.

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