segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Aperte o cinto e chame o ladrão

Guernica - Pablo Picasso - 1937 Wikipedia, CC BY-SA 3.0

Aperte o cinto e chame o ladrão
Démerson Dias

Chame lá, clame lá, chame lá,
chame o ladrão, chame o ladrão
Chico Buarque

A operação Mãos Limpas não acabou com a corrupção na Itália., destruiu boa parte dos partidos de formação republicana e colocou no poder, por mais de uma década, um dos magnata mais corruptos país. Um chefe de matilha cujo nome me escapa, algo como Jair Berlusconi.
No Brasil o Condottieri Silvio Bolsonaro (ou algo assim) arrematou de forma espetacular a chefia das famílias, seus corações e mentes. Um feito que revela o país, mais que o próprio mandatário.
A mais importante pesquisa de perfil político do Brasil esclarece que levamos quinhentos anos de espoliação dos povos originários para descambarmos num contexto sociopolítico em que 57.797.456 de brasileiros não fazem ideia do que seja fascismo; 42.468.019 podem saber, ou não, mas isso não os preocupa. E a conclusão política mais emblemática em termos de país é que por aqui existem, no máximo, 47.040.819 democratas. Sendo que a maior concentração deles habita na região nordeste.
Como paulista tenho a opção de migrar para a região civilizada, ou iniciar campanha urgente para que tenham piedade das demais e não iniciem um processo de emancipação civilizatória. A meu favor tenho que São Paulo é a maior capital nordestina do planeta.
Dentre as qualidades incontestáveis do novo mandatário, ele possui todos os dez dedos nas mãos, se bem que ainda não nos livraremos dos discursos com uma tênue anquiloglossia. Por outro, trata-se de pessoa muito bem preparada, tem resposta para absolutamente tudo, inclusive metafísica e teoria das cordas, uma proeza, talvez em plano universal (universal, como assim?). E a resposta é: pergunta ao Posto Ipiranga.
Assim inicia a mais inusitada comédia de erros brasileira. O país haverá de sentir falta de Macunaíma, Pedro Malasarte, João Grilo e Simão Bacamarte que anunciaram sua retirada sabática sem previsão de retorno.
O Brasil amanhece este dia 29 de outubro de 2018 com uma revelação incontestável à luz da vontade e omissão da varonil nação brasileira. Em quinhentos e poucos anos de introdução do modelo civilizado por essas plagas, os exemplos mais consistentes de Estado Democrático no país são as concessões públicas ao crime organizado em morros, favelas e no regime carcerário.

Pequeno, modesto e parcial inventário de conquistas civilizatórias da mais recente versão da pandora brasileira.

Mestre Moa do Katendê - 7/10/2018 - Bahia
Laysa Fortuna - 18/10/2018 - Sergipe
Invasão preventiva das universidades brasileiras - 25/10/2018
Charlione Lessa - 27/10/2018 - Pacajus - CE
Reinvenção esquizofrênica da rês pública brasileira - 28/10/2018

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Onde foi parar a república?


Onde foi parar a república?
Démerson Dias

Ou acabou a eleição, ou acabou o Brasil. Terá que ser refundado, com democracia, ou com sangue.
O fenômeno Bolsonaro nunca foi uma iniciativa de militantes convictos, não é sequer iniciativa de militantes manipulados. É uma manipulação de eleitores regada a dinheiro de corrupção. Deslavada e espúria corrupção.
O filho de Bolsonaro esteve pessoalmente dedicado nos processos de manipulação, chegou a divulgar foto junto com “grande expert” Steve Banon que atuou na eleição de Donald Trump. Banon confirmou o envolvimento, e foi amplamente divulgada a tática de empresas como Cambridge Analitcs. Nos EUA isso levou Mark Zuckerberg a prestar contas ao congresso.
Se Bolsonaro não sabe o que seu filho anda fazendo em prol de sua candidatura e em seu nome a situação familiar do candidato é extremamente mais grave do que os problemas legais que podem ser enfrentados por sua própria candidatura. Como diz Daciolo: Sabe sim, sabe do que a mídia está falando.
Só que ao contrário do lema bíblico a verdade libertará a verdade de Bolsonaro pode leva-lo à cadeia. Afinal, por muito menos, Moro mandou Lula para lá. Sem qualquer flagrante. Bolsonaro será imolado em carne viva por Moro, claro, o grande paladino do país. Já é possível imaginar o powerpoint fabuloso que Dallagnol está elaborando com afinco.
Em seus quase trinta anos no parlamento Bolsonaro pode ter deixado de perceber, mas sua posição é rigorosamente a mesma que levou José Dirceu à cadeia, segundo a versão de “domínio do fato” inaugurada por Joaquim Barbosa.
Provavelmente a facada no segundo cérebro afetou seus sentidos, mas seu filho e todos o restante do país sabem porque empresas investem dinheiro em campanhas eleitorais, chamamos de investimento, mas o nome real é compra. Estão comprando um posto de poder para auferir vantagens e lucros tão logo o posto for ocupado. O filho de Bolsonaro é apenas o emissor da promissória do mandato do pai. Tem antecessores famosos como PC Farias, Marco Valerio, Paulo Preto, dentre outros.
Antigamente, quando o financiamento privado era permitido, sabíamos que grandes empresas, bancos, conglomerados investiram preventivamente em diversas candidaturas, sobretudo as mais promissoras. Havia caixa dois, mas era uma contingência do próprio mercado, que não podia demonstrar sobra de recursos tanto para iludir acionistas quanto o fisco.
O financiamento privado agora é proibido. Quem recorreu a esse expediente tem certeza absoluta que está atuando à margem da lei. São corruptos no inteiro teor do termo e de forma iniludível como gosta de asseverar a magistratura. Ocorre que não atuam apenas ajudando um candidato a ganhar maior projeção, suas ações configuram também crime já previamente tipificado na legislação eleitoral, trata-se do complexo e aterrador sistema de manipulação do eleitorado, num patamar muito maior do que a mera compra de votos.
Os currais eleitorais foram combatidos e quase que debelados em sua totalidade a partir de intensa enorme campanha contra compra de votos. Aquelas em que antigos coronéis ofereciam dentaduras, chinelos e toda sorte de bugigangas e bens aos eleitores fieis. Por essa razão, aliás, o sigilo do voto alcançou importância equivalente à própria garantia de lisura do voto eletrônico. Essa prática foi superada pelo esforço da sociedade das instituições, e também pelo arejamento partidário após a ditadura.
Chamávamos de compra de voto porque, fatalmente, atingiam pessoas em condições precárias de subsistência. Condições que também foram razoavelmente mitigadas ao longo da frágil democracia brasileira, principalmente pelos programas sociais. Programas aliás, historicamente condenados por Bolsonaro que só reviu sua posição para iludir eleitores nesse segundo turno. Chegou ao segundo turno maldizendo e execrando tais programas.
Agora vemos um candidato que defende a ditadura recorrer a procedimentos que só foram atacados após a superação daquele regime do qual ele é saudoso. Impossível ser uma questão acidental, ou passageira. Bolsonaro já coloca em prática as formas de manipulação da realidade que, na ditatura, em segunda instância levou à censura, tortura e morte. No dizer do candidato, situações como a de Wladimir Herzog “suicidado” a um metro de altura por enforcamento. Situação plenamente possível para um candidato que afirma que os povos africanos impuseram a própria escravatura às nações escravocratas. Em todos os sentidos a candidatura Bolsonaro é uma regressão aos piores tempos do Brasil. É de se imaginar, com ele no poder, em quanto tempo regrediríamos aos neandertais? Os brutais e animalescos ataques de seus eleitores que ocorrem às dezenas país adentro, já colocaram em andamento essa missão, diante da negativa e do silêncio sorridente de Bolsonaro diante da chacina.
A rigor a justiça eleitoral tem uma importante, porém simples decisão pela frente (a legislação já prevê algumas circunstâncias). As alternativas são suspender as eleições permitir que o peito se realize para posteriormente anular a votação de Jair Bolsonaro, ou refazer o primeiro turno das eleições, obviamente afastando Bolsonaro por inelegibilidade.
O primeiro grande problema a ser enfrentado e a principal dificuldade da Justiça Eleitoral e do próprio judiciário, nos últimos tempos, é provar que está disposto a perseguir (deveria garantir, mas tem se escudado de fazê-lo em favor de holofotes) a Justiça de forma republicana. Ou seja, com independência política entre os poderes. Caso o Judiciário não se mostre capaz, estará constatada a dissolução formal da República, na medida em que o poder que possui, como prerrogativa fundamental a preservação da institucional da democracia. Importante notar que a legitimidade da magistratura, que não é escolhida pelo voto, está fundada na defesa irrestrita, radical e plena da legalidade e constitucionalidade.
Não se trata, portanto, de uma questão que possa ser politicamente atenuada, não existe argumento formal, jurídico ou hermenêutico que satisfaça uma necessidade fundante do estado brasileiro. Ao poder político eleito pela sociedade compete cuidar da gestão do Estado, dos interesses nacionais e garantir que a sociedade possa viver com dignidade. O poder político atribuído ao judiciário como uma estrutura que não sofre a interferência da vontade circunstancial da sociedade se origina no movimento constituinte que dita e dá forma do estado-nação.
Vivemos ao longo das últimas décadas o vilipêndio quase que absoluto do caráter social da Constituição de 1988. Os três poderes da União bem como a quase totalidade dos governantes nos estados e municípios fizeram vista grossa ao desmantelamento do estado social.
A educação sabotada deu margem ao surgimento de uma sociedade que, em boa medida, pode ser manipulada por cordões digitais, na medida em que não conta com um sistema de ensino que promova a cidadania, autonomia e a liberdade como valores fundamentais. Os aparelhos de atenção à saúde bem como suas políticas foram desmantelados para abrir espaço ao sistema privado de saúde. E o setor financeiro e bancos foram regiamente remunerados ao longo destes últimos 30 anos às expensas de toda a sociedade, inclusive os excluídos e marginalizados.
Não há que se mencionar nesse contexto o tema da segurança, na medida em que ele é, basicamente, consequência das escolhas mencionadas anteriormente. A crise de segurança é a crise da ausência do estado, não apenas nas áreas em que ele tinha obrigação de atuar. É também consequência do descaso pautado como regra de política pública.
Cabe um parêntese oportuno, a mesma onda que colocou Bolsonaro em primeiro lugar no primeiro turno carreou, pelo menos em nível federal a segunda maior bancada do legislativo, além de agregados diversos, a tempo ou oportunistas. Como lidar com esse contexto derivado?
Esses meus apontamentos nada mais fazem do que tentar alinhar ainda que de forma superficial e ligeira o cenário em que o país está atolado.
A aventura do neofascismo no Brasil. Conclui sua primeira e talvez derradeira fase com um retumbante anticlímax. Para não esquecer de um segmento que foi decisivo e tem sido determinante para socorrer o futuro do país. Coube às mulheres, seguidas por crianças e homens (estes despidos de seus machismos), despejar sobre a sociedade as advertências contra o grave obscurantismo que ameaça a sociedade.
Agora, providencialmente ou não, cabe a uma Rosa demonstrar se os espinhos irão defender as pétalas da cidadania, ou se deixará que seja, mais uma vez, agredida e violentada.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O tiro que pode matar a democracia


O tiro que pode matar a democracia
Démerson Dias


Uma pessoa usando uma arma para acionar os botões da urna eletrônica, enquanto filma a cena.
Essa imagem deveria ser alerta suficiente para qualquer pessoa que dê valor à democracia. Certamente vai correr o mundo, e pode ser o símbolo fatal dessas eleições de 2018. Não me lembro de gesto semelhante.
Algum eleitor tinha ideia que havia gente armada à paisana nos locais de votação? Alguém é capaz de achar que essa imagem tem alguma relação com espírito democrático?
Alguns podem achar o comentário exagerado, mas nunca foi tão necessário frisar que filmar o próprio voto é uma atitude ilegal. Quem gravou essa cena não é uma pessoa que respeita as leis. Mas o que mais pode passar pela cabeça de alguém usar uma pistola no momento destinado ao principal gesto cívico?
Não existe razoabilidade possível, aliás, é absolutamente contraditório alguém achar que vai aprimorar uma democracia à bala. Alguns dizem que o voto é a maior arma do eleitor, essa pessoa não acredita nisso. Essa pessoa votou em Jair Bolsonaro.
A cena é a maior prova de que democracia possui um calcanhar de Aquiles. Admite uma candidatura não democrática.
Na democracia, “o preço da liberdade é a eterna vigilância”, não existe poder que garanta de forma absoluta a condução democrática de um país. O poder, deriva do povo que o delega a seus representantes. Se o eleitor entrega esse poder a alguém que não dá valor à democracia ele, não apenas está permitindo que esse poder lhe seja retirado, como está praticando um gesto que fatalmente se voltará contra ele, direta ou indiretamente. Não existe uma única família brasileira que não tenha pelo menos um de seus membros ofendido por Jair Bolsonaro. A começar por todas as mulheres! #elenão
A grande cilada do desprezo do candidato pela democracia é que, uma vez empossado, o que o impediria de recorrer à força para ficar no poder indefinidamente? Ele já defendeu que a ditadura matasse 30 mil, defende a tortura. E seu grande herói é um homem que levou crianças para assistirem suas mães serem estupradas e torturadas. Isso é o que ele considera exemplo de virtude.
Imaginem ele, seus comparsas nas forças armadas, e também os civis que acham válido ir votar com um revolver, defendendo seu governo. Quem poderia tirar Bolsonaro do poder, inclusive porque as forças armadas obedecem ao presidente? Ninguém que votar em Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições poderá alegar desconhecimento de suas intenções.
Portanto, Jair Bolsonaro nem sequer pode ser considerado um bom militar. Aqueles defenderam a ocupação da Amazônia, este quer entrega-la a outros países. E que militar respeitável é capaz de saudar a bandeira de outro país?
Inúmeras matérias na imprensa dão conta de seu histórico de rebeldia e insubordinação. O mais provável é que sua escola tenham sido os aproveitadores, ao quais ele vem se aliando desde que chegou ao legislativo. A boa fé das pessoas é, mera escada que possibilitaram, além da multiplicação patrimonial (que ele também já alegou sonegar), a instalação de verdadeira dinastia parlamentar, que agora pretende se estender também pelo executivo.
Um dos apelos mais veementes do candidato é acabar com a corrupção. Esse raciocínio traz com ele um erro fatal para a democracia. Supondo que ele estivesse correto e 600 parlamentares sejam corruptos no país. Como já existem provas suficientes que ele próprio entra nessa estatística de corrupção, a troca de 600 corruptos por apenas um deles significa trocar 600 corruptos por um tirano. E toda tirania é a corrupção absoluta.
Mídia Ninja PE
As pessoas estão sendo iludidas a achar que ele preserva alguma virtude, e que se trata de um militar respeitável. Mas virtudes foi o que nunca teve, nem mesmo quando tenta se apresentar como miliar. Como fosse um bom exemplo.
Bolsonaro diz que defende a ditadura de 64, mas, nem os ditadores não o toleravam. Como militar, ele foi considerado “mau militar” por militares como Ernesto Geisel e Jarbas Passarinho. Ou seja, em termos de ditadura, é o pior entre os piores.



quarta-feira, 3 de outubro de 2018

E a culpa é das mulheres?


Foto: Mathilde Missioneiro/Ponte

Em 2013 tivemos dois blocos nas ruas: o bloco do ódio de um lado e “indecisos cordões” do outro. Agora, não. As mulheres não convocaram apenas uma marcha contra o ódio. Era, sobretudo, a favor da vida  não de qualquer vida, mas da vida digna. Da que faz sentido ser vivida. Por isso, #elenão. Uma marcha contra a intolerância que saltou barreiras geográficas, idiomas, ideologias, porque existem consensos civilizatórios. Por exemplo, #elenão. Os homens que lá estiveram estavam perfeitamente à vontade e irmanados aos sentimentos femininos. Homens sem medo de lutar como uma garota. Porque, sobretudo, #elenão. Tivemos um período de governo de tentativa de concertação nacional que não foi capaz de evitar que surgisse um #elenão. Desse governo deveria ter surgido uma aliança entre democratas, progressistas, mas a coisa mais forte que surgiu foi ele, só que #elenão. O que assustou o “macho adulto branco sempre no comando” foi a entrada em grande estilo do feminino na guerra pelo poder. Pesquisas foram recoloridas com critérios inventivos, efeitos especiais e um amplo acordo entre correntes moralistas e o braço ideológico do capital, a mídia. Para esse segmento, até mesmo o fascismo é preferível às mulheres assumindo seu protagonismo político na sociedade; para eles, as mulheres são o grande perigo #ele,não. É evidente que a polarização da principal eleição do país está fundada em um projeto que preserva o status quo de um lado e outro que piora as coisas, desconstruindo 50, 100, 300 anos de história. Por isso, o projeto conservador é simples: é tempo de destruir toda e qualquer conquista civilizada, exceto a expropriação aos indígenas, povos originários, que devem desaparecer, assim como descendentes dos escravizados que construíram sua liberdade à força. Por isso, dizemos #elenão. Não por acaso, e de forma inédita na história do país, todas as principais candidaturas de partidos importantes, indicando uma exigência simbólica importante no imaginário político, trazem uma mulher como vice. Exceto, é claro, #elenão. As eleições não irão tirar o país do atoleiro em que os homens enfiaram o país após arrancarem a primeira mulher na presidência do país. Para evitar suposto mal, aderiram, sem hesitar, ao que veio a ser o pior governo da história do Brasil. E agora deixam claro que aceitam qualquer coisa menos as mulheres despontando com coragem e determinação no horizonte da política. Inclusive #elenão. As eleições são a solução dos machos para perpetuarem suas mazelas à guisa de enganarem incautos, e tutelarem a sociedade através do ódio. O problema dessa plataforma é que o ódio é fundamentalmente destrutivo, não há alvorecer, não há amanhã, não há futuro nas promessas do ódio. É um horizonte que se resume a um #elenão. Não é nada surpreendente: tradicionalmente, meninos brincam de heróis, e meninas, de casinha. Heróis pressupõem vilões, casinha pressupõe família. E o país está mais para família, ou para heróis versus vilões tipo #elenão?

Foto: Daniel Arroyo/Ponte
Como homem, repudio o raciocínio escapista, covarde e preconceituoso que acha que protestar contra o ódio é tornar o ódio mais forte. A turma do ódio está tremendo de medo que as mulheres assumam o controle. Uma reação tão pueril que se confunde com #elenão. #elenão, finalmente, porque a única resposta séria, útil e consequente que surgiu desde a combalida redemocratização não foi o #elenão. Foi as mulheres indo às ruas por um país em que há uma única verdade intolerável. Por isso, #elenão!