quarta-feira, 17 de agosto de 2022

NESSA ELEIÇÃO, VOTEMOS EM FAVOR DA VIDA!

Démerson Dias 


Galvão Bertazzi

Começou formalmente a campanha eleitoral, derrotar Bolsonaro nas urnas é uma necessidade. Mais que isso, é um imperativo de humanidade.

A tarefa mais difícil começa depois disso: derrotar o bolsonarismo, que por enquanto, é a expressão do fascismo no Brasil.

O voto contra Bolsonaro é um voto a favor da tolerância religiosa. Seus seguidores patrocinam a perseguição religiosa, foram aqueles que obrigaram uma mãe de santo a destruir seu terreiro. Eu sou ateu agnóstico, mas reivindico radicalmente a tolerância religiosa e não tenho qualquer constrangimento em fazer essa afirmação. Como disse o Oscar Wilde, eu escolho meus amigos e amigas pela pupila não pela cor da pele, religião etc.

Mas ser bolsonarista já implica em uma tonelada de razões para não ser amigo(a) desejável. Na verdade, preliminarmente, são 680 mil motivos. Rejeitei todos os convites de conexão no Facebook que tivessem qualquer traço de simpatia por esse desvio humano. 

E os que defenderam Bolsonaro, seu governo e seu conluio fascista e eram amigos antes, hoje, certamente, são menos amigos. Os que não foram liminarmente bloqueados, claro! Tolero tudo desses, desde que não me exponham ao seu vazio de alma, ou pulsão homicida.

O voto contra Bolsonaro é um voto pelo Brasil e em favor dos povos originários. Reivindico essa nação que ainda não existe plenamente, mas não a invasão homicida patrocinada pelos que chegaram ao continente para catequizar povos livres e convertê-los em escravizados, sob pena de morte. A “civilização” já estava tão entorpecida pelos próprios delírios que não soube reconhecer quem ainda vivia em paz com a natureza. E não se pense que isso se confunde com pacifismo.

O voto contra Bolsonaro é um voto em favor das mulheres. Dentre as características mais perversas desse descalabro, o feminicídio, ou os atentados machistas ocorrem à luz do dia, nas repartições públicas, sempre por homens abalados no que consideram sua masculinidade que, incapazes de serem gente, abominam que tantas mulheres o sejam e comprovem uma superioridade humana que neles não existe.

 O voto contra Bolsonaro é um voto em favor dos povos afrodescendentes, nome que me incomoda porque, afinal, todos mundo o é. Mas assim como admito o termo racismo, embora raça humana seja uma só, povos africanos foram sequestrados, torturados, escravizados e consequentemente assassinados. O bolsonarismo é herdeiro dos capitães do mato. Pobres que perseguem e matam pobres para satisfação dos ricos. Derrotemos o bolsonarismo porque derrotar o racismo será ainda mais difícil.

O voto contra Bolsonaro é um voto de esperança para as comunidades LGBTQIAP+.  Pessoas que travam duas guerras, uma sobre determinações, condicionamentos, predisposições e indisposições biológicas (que só o são porque, a rigor, desconhecemos nossos corpos) e ainda precisam provar a outros que têm direito a existirem em ambiente acolhedor que lhes permita se reconhecerem como potência, não como restrição. O bolsonarismo abomina esse segmento porque não admite que, por amor, as pessoas tenham coragem para se indispor contra as determinações hipoteticamente mais decisivas. O bolsonarismo só e capaz de lutar contra tudo e todos se tiver algum lucro em vista.

Mas também porque é preciso muita coragem para assumir o que se é contra todas as disposições, as morais, as lógicas. E bolsonaristas são, fundamentalmente, covardes.

Eu poderia falar da cultura, da ciência, até da felicidade, pois o bolsonarismo é, em essência, infeliz. Provavelmente vou me arrepender em seguida se não mencionar Paulo Freire e que o voto contra Bolsonaro é um voto em favor da inclusão e autonomia de todos os sujeitos de si mesmos. Certamente eu não conseguiria lembrar de todos os segmentos vitimados pelo escárnio malévolo que banaliza e exalta nossos piores vícios e abominações.

O bolsonarismo, para se afirmar, depende de promover a infelicidade dos demais, aqueles que estão seguros de si. Porque odeiam aqueles que não precisam culpar ninguém para afirma a própria felicidade. 

Odeiam aqueles que reconhecem a opressão e seus agentes, mas não resumem sua vida à posição de vítima. Os que lutam junto com Bolsonaro oprimem porque não possuem alma suficiente para viverem das próprias virtudes, precisam eliminar a alheia. Só assim, eliminadas todas as virtudes, conseguirão se achar melhores do que são. Pessoas vis, vazias, inúteis e arrivistas.

Não existe solidariedade humana numa alma bolsonarista. Existe perdição, insensatez, desperdício e terror. Quer dizer, por exemplo, que cerca de 30% das brasileiras e brasileiros estão cegos para a vida, que não reconhecem a maldição que transcorre à sua volta e o quanto seu apoio, decisivo, ou silente, promove carnificinas e também famintos roendo ossos.

Enfim, o voto contra Bolsonaro é um voto a favor da vida.

PS: Sob inúmeras condicionantes, meu voto deverá ser em Lula (voto 13 e confirma) no primeiro turno, ainda que eu me identifique mais com o voto em Sofia Manzano do PCB (voto 21 e confirma) e Leonardo Péricles da Unidade Popular (voto 80  e confirma). Os socialistas também podem votar em Vera Lúcia do PSTU (voto 16  e confirma). Para os parlamentos, meu voto deverá acompanhar as candidaturas do PSOL (deputados federais e estaduais – voto 51  e confirma). Se for possível contextualizo meu voto crítico em Lula oportunamente.






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