quinta-feira, 11 de março de 2021

Fachin e o mal menor.

Démerson Dias


Vitor Teixeira

     Edson Fachin tentou salvar Moro e a LavaJato oferecendo, em troca, a inocência de Lula. Se, por um momento, pareceu “esmola demais”, ele apenas optou pelo mal menor. Tentou sabotar o julgamento de suspeição de Moro e o exame da extensão das maracutaias da lava jato em rede nacional. 

     A aposta de Fachin foi malandra, mas ingênua. Tentou bancar a tese de que o único erro de Moro foi a sede de fazer justiça a qualquer custo e chamar para si matérias que não eram de sua competência. MENTIRA!

     Tanto Moro, quanto seus colegas e os superiores no TRF4, quanto o STJ, quanto o STF sabiam que Moro estava exorbitando. E ninguém precisava de gravações para constatar. O “timing” indecentemente sincronizado entre acusação e juízo era vergonhosamente explícito. Aliás, uma das primeiras alegações da defesa foi o foro, Moro rechaçou e nenhum dos santos de agora se comoveu.

     Ao contrário, ENDOSSARAM a sanha persecutória. Sendo os episódios mais agravantes o impedimento ilegal de Gilmar Mendes para que Lula se tornasse ministro e o atentado constitucional sobre a prisão em secunda instância. Todos foram cúmplices. O mais decente seria que, depois de limparem a caca, entregassem seus cargos.

     E ainda existem as denúncias do advogado Tacla Duran que lançam denuncia situação de corrupção explícita sobre a Lava jato. Qualquer juiz que tivesse um mínimo de vergonha na cara teria tido interesse em apurar e esclarecer, como isso não foi feito, a versão que, por enquanto, procede é a do advogado: a Lavajato era um quartel de crime organizado e corrupção.

     Com os vazamentos, todos foram pegos com as calças nas mãos. Aqueles que ainda tinham uma réstia de caráter, ou senso de autopreservação, pularam da cadeira dizendo: “eu não sabia”, “gravíssimo” etc.

     Cabe uma ressalva a Ricardo Lewandowski. Desde o início e sem tergiversação, foi o único que se indignou com o ativismo reacionário.

     Como parece que não ficou claro, quem, a qualquer tempo apoiou, defendeu ou ignorou o lavajatismo, deu cobertura também às ações das milícias bolsonáricas contra os “pretos, pobres e brancos pobres como pretos”. O que ocorreu com Lula é o cotidiano das populações excluídas.

     A rigor, Lula teve uma sorte que não é pra todos. Se não fosse figura pública, e se não vivesse acima de cinco salários mínimos, teria sido torturado e morto. A LavaJato foi o descalabro do sistema sistema penal brasileiro subindo para o andar de cima. Não por acaso, a vítima era um “nordestino, aleijado pelo trabalho e semi-analfabeto”.  E Lula está errado quando diz que eles erraram. NÃO FOI ERRO!!!! Foi ação premeditada, intencional e perseguida com afinco (e desleixo, convenhamos).

     O desfecho não seria diferente de Sandro Barbosa do Nascimento, que sobreviveu à ação policial criminosa na Candelária, mas não a uma viagem de camburão. Seus assassinos, que foram inocentados, evitaram que fosse linchado para terem o privilégio apenas para si. (Em tempo, se você confunde justiça com vingança, por favor, me poupe pelos próximos 33 anos, até lá os saprófagos já devem ter feito sua parte).

     Moro e seus comparsas são apenas a versão MBA do banditismo nacional. Não importa se Lula cedeu à corrupção. Não existe mediação social livre da corrupção no capitalismo. Quem se acha incorruptível sob o capitalismo apenas não pensou a respeito o suficiente.

     O atual inquilino do Planalto já declarou que é sonegador contumaz, não é acidente que todos seus filhos transitem entre a civilidade idiota e a criminalidade convicta.

     Não espero que Lula queira decifrar o contexto inteiro. Se ele se empenhar em desconstruir seus acusadores e aderentes terá mais um tento histórico para reivindicar. 

     O sistema penal brasileiro é um atentado à humanidade. Todo sistema penal é um sintoma autoritário, assim como toda prisão é política.

     Magistrados, políticos, imprensa burguesa, todos alegam fazerem escolhas pelo mal menor. Pela sua perspectiva mal menor não é algo que vá beneficiar o país, é apenas o que vai parecer uma coisa boa, mas que vai permitir abocanhar ganhos ou finalidades vergonhosas.

     Que bom que a liberdade política de Lula foi restaurada. Pelas minhas contas é preciso liberar somente uns 386 mil na mesma situação em que estava Lula. Sem mencionar, é claro, as outras injustiças que o “mal menor” patrocina país adentro.

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