Funerária Bolsonaro & Filhos S/A
Démerson Dias
“Oxalá,
passe algo que te apague depressa”
Silvio
Rodriguez - Ojalá
Se tivermos sorte, o Brasil termina maio com 23 mil mortos pela
COVID-19, termina junho com 43 mil, quando provavelmente alcançaremos
a cifra de um milhão de casos (entre confirmados e suspeitos). Esse
é o quadro a 65 dias desde que a primeira morte foi oficialmente
notificada. Paira o temor de que as subnotificações expressem um
universo de mais de 10 milhões de infectados no país, ou seja, de
vetores de transmissão do vírus. O Brasil já possui o maior índice
de propagação do vírus no mundo. Não esqueçamos disso no
obituário e lápide dos Bolsonaros.
Se não queremos considerar formalmente 18 mil mortos em 65 dias como
um genocídio (sendo que mais de 5 mil deles somente nos últimos 7
dias), no mínimo, estamos vivendo uma cruzada higienista, promovida
de forma calculada pela gangue que ocupa o poder central no país e
seus agregados.
Não é loucura, estupidez, ou incompetência. As mortes são
programa de governo, um governo de exaltação à barbárie.
Para uma fração da sociedade, o vírus foi convertido pretexto para
a guerra ideológica em curso no país. Com um desdobramento
insólito: qualquer que seja o desfecho, não serão os profissionais
da saúde, cientistas e o confinamento que vencerão o vírus. A
oração e a determinação dos “escolhidos” nessa cruzada moral
terão ao primeiro cavaleiro do apocalipse. Não existe argumentação
possível contra essa constatação, já que ela não reside no
terreno da razão, mas dos afetos.
Profissionais de carreira do ministério da saúde, assim como os do
SUS e das secretarias locais, as áreas de medicina, enfermagem,
assistência social, dentre outras, estão travando dura batalha, mas
a ausência de uma diretriz central para conduzir uma política
pública eficaz compromete esse esforço.
Bolsonaro realmente não é um coveiro, estes, na linha de frente,
colaboram para que os mortos não tornem mais grave a pandemia se
tornando agentes contaminantes. A “famiglia” no poder e seus
simpatizantes são parceiros da pandemia, se aproveitam da calamidade
para fazer negociatas e ampliar seu espaço de poder.
Desde a posse da gangue em 2019 as milícias estão promovendo
disputa territorial como o crime organizado e ampliando suas zonas de
controle, inclusive em outros estados e com apoio tático de outras
forças de segurança. Crianças têm sido vítimas frequentes,
pedreiros, pais, mães, escolas, transeuntes. Matam com precisão, ou
com ou salva de 80 tiros. A um só tempo, guerra urbana e campo de
extermínio.
Enquanto o judiciário mandou para prisão diversos políticos
baseado apenas em convicções ideológicas, corpos se avolumam em
torno da família Bolsonaro, desde Marielle e Anderson até as
queimas de arquivo de Adriano da Nobrega e Gustavo Bebiano etc. Se
Queiroz segue vivo é por ser parte da solução para a gangue.
Bolsonaro já declarou que sua cifra desejável de mortes gira em
torno 30 mil. Ainda não bateu essa meta, ao menos por
responsabilidade direta. Mas não podemos poupá-lo dessa
responsabilidade.
O Brasil vive sua própria versão de regime de terror, um governo
cadavérico que se orgulha de ter mortes como conquistas de gestão.
Já existiram por tempo demais tanto esse governo, quanto seus
membros e simpatizantes. Merecem provar urgentemente da maldição a
que condenam o país.
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Xi, francisquinho, deitaram a língua na jabuticaba!