quarta-feira, 18 de abril de 2012

A Rosa, o portão e a rosa


Rosa, generosa, através dela fui adornado por esta bela imagem. Dentre suas diversas belezas, ela não guarda para si o que pode enaltecer os demais. Sim, o belo não é apenas saciedade dos nossos sentidos, desejos, ou necessidade de nos preencher de algo que destoe das inúmeras vicissitudes e amarguras.
O belo nos adorna. De admirá-lo, assimilamos um fragmento de teor incerto que, como semente, passa a habitar e florescer em nossa humanidade.
Assim era a rosa, encantada com o mundo além do jardim.
A cada nova paisagem, trazida por uma mudança na incidência do sol sobre as áreas vizinhas, tudo era razão para fazer-se cada vez mais bela.
Queria sorver aquela beleza e não entendia como o insensível portão não permitia a concretização de algo tão essencial a sua existência.
Pobre portão, o jardim todo o supunha vil, insensível.
Que maldade, aprisionar a rosa!
Mas era ele também prisioneiro... O que mais temia era que um dia algo fizesse o que ele próprio, por si, não era capaz. Caso lhe abrissem e permitissem à rosa a liberdade, como haveria de viver, sem o roçar de suas pétalas?
(dd/l)

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Xi, francisquinho, deitaram a língua na jabuticaba!