segunda-feira, 18 de outubro de 2021

E o assassinato doloso na Prevent Senior?

Démerson Dias



Capa da revista Superinteressante
de 2014

O Brasil é uma disfunção política no cenário mundial. Do tipo que, em saúde pública seria prontamente isolado e estudado para não contaminar o meio e se buscar profilaxia.

Há muito tempo a assimetria de ser uma das piores distribuição de riquezas, estando entre as dez, ou quinze maiores economias do mundo, já comprovava, de um lado a falência de país enquanto projeto democrático. E de outro, a vitória de uma burguesia nacional parasitária em enganar a tantos por tanto tempo.

“Pretos, pobres e brancos pobres como pretos” são presos por roubar galinha. Ou, na dúvida, podem ser alvejados por 80 tiros.

Já no caso da Prevent Senior, pelo menos uma vítima escapou da morte certa prescrita pela direção da seguradora de saúde. Uma advogada afirma que pelo menos 12 médicos corroboram a versão da vítima.

Na periferia, se um policial achar que um negro é suficientemente parecido com um meliante ele já é preso para averiguações, se não condenado a pena de morte, aplicada em rito sumário. Até o momento, nem o passaporte dos donos da Prevent Senior foram confiscados preventivamente. Vai saber se ainda estão no país.

Evidentemente as vozes da moral,  dos bons costumes e das pessoas de bem, advertiriam que trata-se de aguardar o devido processo legal.

Dentre uma infinidade de abusos de autoridade, Gilmar Mendes inventou uma razão inconstitucional para usurpar prerrogativas e impedir que Lula tomasse posse como ministro e, dessa forma, garantir que fosse preso. A justiça, quando quer "prende e arrebenta".

Se no extremo da barbárie judicial nós temos a lava-jato, já conhecemos, pelo menos um caso que se encontra no polo oposto, a barbárie da  injustiça.

Temos uma vítima salva por intervenção da família, profissionais atestando prática criminosa e pacientes comprovando a intenção do crime com os kits precoces.

Somado a isso, constatações sumárias de negligência dos órgãos que deveriam apurar ou prevenir o conluio criminoso, no popular, cúmplices ou coniventes.

É como se o Brasil estivesse fazendo turismo por um campo de concentração e ainda confabulasse candidamente se existe hipótese de um crime estar sendo cometido, ou se as pessoas estavam ali apenas figindo estarem sendo exterminadas.

A comparação com a principal “conquista” do nazismo é inevitável.

Bem entendido, nem se trata da realização de experimentos que, fatalmente levaram ao óbito enquanto são testadas as hipóteses científicas.

Pessoas foram assassinadas nos hospitais da Prevent Senior por que o cálculo atuarial da empresa discriminava qual era a curva de sinistralidade que comprometia o lucro da empresa. E utilizaram o maior desvario profilático das últimas décadas, porque era emocionante atender aos caprichos ensandecidos de um governante genocida.

A OAB deveria propor um termo de compromisso com seus administrados, todos advogados deveria se recusar a defender os donos daquela repartição nazista. Dessa forma, a eles caberia apenas um advogado dativo a quem estaria resguardado direito de aceitar sobre protesto.

Bolsonaro é um fascista, mas tem razão em um ínfimo aspecto nas idiotices que diz, ele incita ao crime, mas não obriga ninguém a cometê-lo.

Deveria ser enquadrado como mentor intelectual do crime. Profissionais que denunciaram poderiam ter penas atenuadas, ou alternativas, mediante acordo de delação.

Os donos da Prevent Senior deveriam ser submetidos a tratamento precoce em prisão de segurança máxima, até que uma falência múltipla de órgãos os liberasse da pena.
E os cúmplices diretos a serem arrolados e devidamente penalizados, são as associações médicas, Procuradores, promotores e todos os que uma vez cientificados, deixaram de atender a obrigação de denunciar e colocar em andamento uma apuração dos fatos.
Apuração na cidade de São Paulo, refere-se a órgãos do governo estadual estariam envolvidos no acobertamento da prática.
Tudo indica que será mais um episódio de descaso com criminosos venais sendo tratados como pessoas de bem.

Agora mesmo, uma empresa de notícias afirma que a Prevent Senior nem foi a entidade onde mais ocorreram óbitos, foi apenas a quarta em proporção de mortos. Não se sabe se quem escreveu, editou ou determinou essa abordagem vomitou, morreu, ou sofre de demência cívica. Também deveriam ser enquadrados como também como cúmplices, por distorcer evidências.

Se nem uma ação premeditada, ostensiva, e generalizada de prática de crime dolosa (intencional) pode ser alcançada pela mão coercitiva do Estado, o povo (sobretudo os parentes das vítimas) tem pleno direito de tomar nas próprias mãos a justiça.


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